sábado, 4 de junho de 2011

Quando os dias poderiam ter passado mais devagar...



A saudade não deve tomar a euforia das memórias.
A expectativa não deve dar espaço para frustrações.

A nostalgia pode chegar devagar e trazer o perfume daquele bom momento.
O vazio pode preencher com as sensações táteis de boas horas.
A boca pode salivar pelos bons sabores que só se pode sentir lá!


E os dias poderiam ter passado mais devagar...
A ampulheta poderia ter afunilado a ponto de parar...
O relógio poderia ficar batendo no mesmo segundo sem ninguém perceber.

Pensei que era o fim... não foi.
E de tudo o que vivi, não sei nem dizer, apenas sentir!

E são momentos que eu não quero esquecer.
E são tempos que eu quero voltar a sentir.
E são imagens que ninguém fotografou, apenas os meus olhos.
E é um perfume que ninguém inventou.
E é um céu estrelado que não se repetirá.
E são risos por piadas espontaneamente criadas, daquelas que só se ri na hora.


Os dias passam mais depressa quando você deseja segurá-lo entre seus dedos, numa tentativa tão inútil quanto tentar pegar o vento.
Os dias passam... mas as sensações que eu não quero esquecer, invento artifícios para guardar aqui dentro de mim!

E eu quero guardar só para mim o carinho, o clima, os foras, as piadas, a correria, a tensão, os sabores, as cenas, a alegria, a música, o toque, a simpatia...


Rever "novas" pessoas, conhecer "velhas" pessoas...
Conseguir encontrar surpresa no que parece comum...
Sentir o frio na barriga, sentir o frio no corpo, sentir o frio como há tempos não sentia.

Assim são os dias que eu não quero esquecer.


domingo, 3 de abril de 2011

Verdades


As verdades que ninguém alivia para mim,
... eu oculto
... eu alivio
... eu poupo os outros.

Os problemas que todos explodem em cima de mim,
... eu seguro
... eu não explodo
... eu resolvo.

As derrotas que caem nas minhas mãos,
... eu aguento
... eu não falo
... eu aceito.

Os gritos que vêm até mim,
... eu ensurdeço
... eu abaixo o tom
... eu não respondo.

A pressa que corre na minha direção,
... eu desvio
... eu tento não correr
... eu freio.

As funções que não são minhas,
... eu faço
... eu fico sem tempo
... eu cumpro prazos.

Eu vivo a loucura dos viventes, tentando não enlouquecer mais ninguém além de mim.
Eu sei de verdades que ninguém quer ver. Eu sei de mentiras que todos fingem acreditar.
Eu descubro em pequenos detalhes, grandes mistérios que, algumas vezes, eu não queria saber.
Eu ouço palavras que não são ditas com a voz, mas se eu verbalizar, serei tratada como ré e não testemunha.
Vejo olhos arregalados, gritos, pessoas correndo sem orientação. Preciso me manter em equilíbrio.
Se eu falho, sou crucificada. Se eu acerto, era apenas uma obrigação. A obrigação de não errar nunca, de fazer o máximo sempre.
Leio o ódio no olhar, vejo a ruga da frustração, sinto o desespero nas palavras.
Percebo a inocência, ou o mais profundo fingimento de quem acredita em verdades que nunca existiram. A crença nas mentiras mais dolorosas e enganosas que possam existir.
Se minha boca se abrir e falar a verdade sobre tais mentiras, eu serei a mentirosa, a invejosa, a ciumenta, a interesseira...
Eu ouço fofocas, opiniões contraditórias, fingimentos, dos quais não posso compactuar... de um meio em que não posso me livrar.
Eu olho o relógio e ele passa rápido e devagar. O dia acaba e ainda há muito o que fazer. O dia acaba, e ainda não é o dia seguinte, como deveria ser.

Eu sei que falar não resolve problemas.
Eu sei que calar não resolve problemas.
Eu sei que em breve tudo não terá mais significado algum.
Eu sei que nada muda, mesmo quando fingem que mudaram.
Eu sei que tentam me enganar, como se eu não soubesse calcular, nem que seja usando o celular.
Eu sei que tudo pode piorar ou melhorar, e eu preciso manter o equilíbrio.
Eu sei que quem adoece sou eu.
Eu sei que quem sabe o tamanho da dor sou eu.
Eu sei que quem sente o gosto da fome sou eu.
Eu sei que quem paga as dívidas sou eu.
Eu sei que quem vai ouvir, cuidar, freiar ou correr, sou eu.
Eu sei que tudo continua igual mesmo quando eu finjo não estar ouvindo.

Talvez as mentiras mudem de boca,
Talvez os olhos se arregalem em outra face,
Talvez o queixo trema em outra pessoa a chorar,
Talvez a pobreza atinja outra carteira,
Talvez os gritos saiam de outra garganta,
Talvez os pés que corram sejam de outras pernas,
Talvez a falsidade se expresse em outro corpo...
Talvez.

E se, talvez, eu não enlouquecer, espero manter o equilíbrio.
Espero não esquecer de onde vem a Paz.
Desejo não me contaminar e não deixar que as raízes da maldade de uma realidade negativa invadam meu coração.
Desejo não deixar de ouvir o silêncio em meio a histeria.
No meio da multidão que corre, não perder o caminho para onde estou indo, mesmo quando viro a esquina esperando me encontrar e acabo perdida, mais uma vez.

Eu só não quero esquecer de onde eu vim...
... e para onde eu vou!

sábado, 19 de março de 2011

Diante de todas as coisas...


...Eu esperava ver a #supermoon hoje, mas não deu.
O tempo fechou, a chuva caiu, e as nuvens encheram o céu.

...Eu esperava fazer o dia render e fazer boa parte dos meus trabalhos.
A dor apertou, o sono bateu, a preguiça me dominou.

...Eu queria ter exposto mais fotos.
O espaço diminuiu, a dúvida cercou, e o durex não colou.

...Pensei que iria ler as cartas acumuladas no criado.
A vista cansou, o tempo passou, e elas continuam no mesmo lugar.

E diante de todas as coisas que não andam, não funcionam, não mudam, não rendem, não progridem, outras tantas surgem como resultado de esforços que pareceram em vão.

O email chegou e com ele a aprovação no Congresso de Medicina.
Brasília, aí vou eu, com mais propósito que o esperado!
Verei o céu mais lindo novamente.
Vou expor meu tão cansativo e desgastante projeto. Sei que terei frutos.

O site da Tam tentou não funcionar, mas consegui comprar minhas passagens.
Namorado, aí vou eu! Com propósito e com desconto.
Verei o sonho bom no mundo real, novamente.

Nada deu certo, nada deu errado.
Fechando o dia com chave de ouro, certa de que diante de todas as coisas... todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus.

E o "ato profético" das 3 menções, em menos de 3 minutos, vindo de 3 pessoas sem ligação, talvez faça algum sentido no final dessa noite:
"Porque, quando estou fraco, então, é que sou forte"
(2 Coríntios 12:10)

Vou continuar no meu propósito:
"E todos os dias ficarei tão alegre que incomodarei os outros, o que pouco me importa, já que eu tantas vezes sou incomodada pela alegria superficial e digestiva dos outros."
Clarice Lispector

segunda-feira, 14 de março de 2011

Problems

Sabe que 2011 não está sendo um ano legal.
Eu tenho uma teoria que diz o seguinte: conhecimento nem sempre é positivo.

E isso envolve amplos aspectos da vida humana. Seja físico, mental (demente também), espiritual...
E o 2011 não-legal nem é pelos meus próprios problemas, mas pelo conhecimento relacionado aos outros!

O difícil nem é tão relacionado ao saber. Eu sei que as placas tectônicas se movem e podem causar tsunamis. Mas o difícil é saber o que os tsunamis fazem e seu poder de destruição.
E tem assuntos dos quais eu preferia nem saber nada, e eles simplesmente caem no meu colo, feito brincadeira de batata quente, e eu fico com ela queimando em minhas mãos, muitas vezes sem saber o que fazer.

Na verdade, sobre boa parte das "batatas" que estão queimando em minhas mãos, eu apenas estou deixando queimar. Queima, queima, queima... Sem saber o que fazer.
Meus dedos estão tostados, e não sei até que ponto conseguirei ficar em silêncio.

Sei que tem situações que não importa se eu falar. Minha intervenção não mudará o quadro.
A única intervenção útil é a Divina.
Outras, apenas um raio na cabeça pode mudar a forma de pensar e agir errado, e isso é Divino também.

E têm aquelas que eu realmente não sei. Orarei.

Em meio aos problemas alheios, continuo buscando paz. "Continuo tentando. Continuo só crendo e esperando o que o Senhor irá fazer por mim".
Acreditarei nas palavras de um amigo, que disse o seguinte após compartilharmos uma das grandes crises da vida:

"Alguma coisa Deus tem planejado para nós nessa história"
Amém.


"Assim eu me esforcei para compreender a sabedoria, bem como a loucura e a insensatez, mas aprendi que isso também é correr atrás do vento. Pois quanto maior a sabedoria maior o sofrimento; e quanto maior o conhecimento, maior o desgosto".
Eclesiastes 1.17,18

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Vacaciones²



Ah, o verão...
Cheios de cores e sabores!
2011? Talvez um pouco de otimismo.. ou não.

Sobrevivi ao terrível 4º semestre, sem nenhuma pendência, acreditando que passar por ele me fortaleceu para qualquer semestre que terei que encarar pela frente.

Férias? Não sei o que significa. Ficar sem provas e aulas, isso eu sei, e é bom.

Eu cheguei a acreditar que esses meses de descanso seriam bons o suficiente para apagar o terrível segundo semestre de 2010. Acho que me enganei, me preciptei em minhas ambições.

Aqui estou eu!
2011? Ainda estou lutando para descobrir suas sensações. As que senti até agora não foram as melhores.

Talvez o ideal seja não esperar.

Vou ficar aqui, quieta em meus pensamentos. Segurando Petrópolis que desaba aqui em mim, e eu sempre penso que posso segurar, até ela saltar pelos meus olhos.

Meu sinal de esperança.