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Nem acredito, já estou aqui.
Mais um aniversário, do jeitinho que eu gosto, talvez precisasse de mais silêncio e mais horas dormindo. Dia gostoso, chuvinha...
Estou passando mal de verdade, deve ter sido providência divina, para eu me aquietar e comemorar à minha maneira.
Quieta, refletindo, analisando e avaliando.
Sei que a grande maioria não entende porque eu gosto das coisas assim.
Eu só posso dizer que gosto, sinto prazer, sinto alegria, é a maneira que aproveito melhor o "meu dia".
Afinal, vivo 364 dias fazendo festa, preciso escolher um dia para parar e ver onde estou e para onde quero ir. Esse dia é hoje.
É...acho que já tive tempo para aprender algumas coisinhas. Outras muitas eu ainda vou quebrar a cara para aprender. Estranhamente, quero compartilhar isso por aqui, porque estou cansada o suficiente para escrever de próprio punho no meu diário de momentos extremamente especiais.
*
Família: aprendi desde cedo que quando eu caia, meus pais que estariam por perto para me levantar. E se não estivessem, teria alguém em quem eles confiassem para fazer isso. Ultimamente meu pai tem me ensinado muito a sonhar, diz que estou vivendo o momento certo para ter sonhos altos, e ele tem me dado ferramentas para que eu posso realizá-los. Minha mãe sempre foi a mulher mais linda do mundo para mim, até porque dizem que pareço com ela!! Meu pai é o cara com quem eu casaria, se houvesse um igual à ele hoje em dia. Meus irmãos são meus estresses, mas são meus defensores. Sei que quando estiver em apuros, eles vão me socorrer.
*Amigos: talvez eu seja amiga de muitos, mas os meus são os poucos e bons. Não é que as pessoas tenham valores diferentes para mim. Amor é amor... Mas cada amigo que descubro, se encaixa em uma fase, momento, situação específica. Não saio contando meus segredos, se é que eu os tenho. Talvez eu tenha mistérios, que nunca serão desvendados. Em todo caso, aprendi a amar as pessoas, estou tentando quebrar barreiras e preconceitos que crio nos primeiros encontros. Também estou reduzindo as minhas expectativas. Primeiro, porque eu sempre sou a primeira a frustrar, segundo, porque sempre coloco padrões muito altos. Enfim, ao longo dos anos vejo que amizades não dependem de morar perto, contar todos os segredos, saber o que comeu no almoço, estar do lado na hora da crise... Amigos são duas almas ligadas que apenas sentem! Seja sentir a dor de quem está milhas distante, seja sentir alegria por alguma conquista, seja sentir raiva por alguma burrada, seja rir sozinha por alguma história já vivida, seja querer ter alguém perto para rir junto daquela piada interna, seja fechar os olhos e ver o rosto, seja ficar hipnotizado olhando fotos de momentos únicos, seja apenas amizade! Ao longo dos meus 22 anos, entendi que amigos são assim, estarão ou não com você quando se precisa, mas sempre surge alguém como um anjo na hora exata.
*Convivência: para isso não precisei me esforçar muito. Nunca gostei de entrar em discussões, prefiro apaziguá-las. As vezes parte de mim quer se meter onde não foi chamada... tento segurar minhas rédeas para não interferir. Entendi que não vale a pena me queimar por pouco. Depois de alguns dias, a poeira sempre baixa, os apaixonados voltam aos beijos, os amigos voltam aos segredos, só quem se meteu é que se ferra. Muito difícil calar quando se vê as coisas que ninguém vê. Vou tentar não me omitir, mas não cair na besteira de meter minha colher em panelas alheias. Linha tênue...quem sabe aos 80 eu consiga.
*Estudos:
sempre fui metida à nerdzinha da família. Infelizmente não era a cruz que eu queria carregar. Não queria ter boas notas por obrigação ou para jogar na cara dos meus irmãos. Isso pode dar até um certo prazer, mas na hora do vestibular não serviu de nada. Um dia gritei que nunca mais ia fazer vestibular na minha vida. Resultado: passei! Foi um desafio encantador, motivador. Também foi o que me fez sentir o gostinho de "sou capaz". Hoje sei que posso ir além de vestibulares. Finalmente sei o que quero e qual é a minha vocação. Tenho alegria e prazer nisso... Depois de uma formatura, quero muitas outras. Vou lutar para conseguir. Não quero nunca deixar para trás isso. Sou muito grata aos meus pais que cobraram muito de mim, isso não deixou trauma, deixou força! Graças aos estudos vou conseguir alcançar meus sonhos. E tenho uma certeza, meus estudos me levarão à lugares onde nenhuma pessoa pode me levar.
*Histórias: a vida é feita delas. Tem dias que fico frustrada por perceber que minha memória já falha e não consigo lembrar de todas quanto gostaria. É até difícil de acreditar que aos 22 anos tenha muitas coisas para contar, mas fico muito contente ao ver que tenho. Muitas histórias, muitas pessoas, muitos caminhos, muitos lugares, muitos eventos e acontecimentos, que um dia cairão no esquecimento. Sou feliz por ter vivido ao máximo cada uma delas. Desde a minha infância, do dia em que me joguei da cadeira e me cortei, até o dia que usei a sandália da Xuxa que mudava de cor no sol, ou quando caminhei com os pés descalços no asfalto quente do meio dia, aos jogos de futsal, e também a viagem com as MR, ou a despedida na praça dos 500 anos, bem como o retorno na praça dos 500 anos, inesquecível...passando pelos acampamentos, bailes de formatura, melâncias com guaraná, banhos de chuva, autógrafos e tietagens, declarações de amor e até as cartas que nunca enviei. São histórias...algumas registradas, outras que levarei comigo para o caixão. Histórias que mesmo que eu esqueça, um dia me fizeram feliz, me fizeram triste, me fizeram viver e dizer: valeu a pena!
*Animais: como eu os amo. Inevitável não lembrar quando eu sentava nos fundos da casa e contava meus segredos para o Yoshi. A vizinha pensava que tinha visitas em casa, e era apenas meu diálogo com ele. Antes dele já passou por mim o Lobo, que lambia meus pézinhos de criança. O Bob, lindo que foi roubado. As galinhas, que ganhei na pré-escola, que engraçado, era o Romeu, a Julieta e seus filhinhos, como eu era bobinha naquele tempo. Um dia chegou o Yoshi, que está aqui até hoje. Não quero nem pensar no dia que ele se for, acredite ou não, fiz ele prometer que só morreria quando eu não estivesse em casa. Espero que ele cumpra. Prometi a ele que não terei outro cachorro enquanto ele existir. Durante a vida dele já existiu a Sara, uma gatinha abandonada pela mãe no forro do meu quarto. Teve também a Lady, que o Tiago matou esmagada. Lady era meu papagaiozinho, que estava trocando as penugens e aprendendo a rir como eu. Durou pouco a bichinha, mas penso nela até hoje. Enfim, um dia terei minha casa. Sempre sonhei em ter um basset hound que correria até mim quando eu chegasse em casa, mas tenho noção que essa atitude não faz o estilo dele. Só quero que meus filhos tenham amor pelos bichos, como eu aprendi a ter.
*Plantas: mais uma loucura minha, mas eu não gostaria de ganhar rosas, nem lírios, nem nada. As flores para mim são perfeitas, criação divina mesmo, mas eu prefiro elas lá, plantadinhas e bonitinhas. Fiquei tão feliz ao perceber que meu pai entendeu isso e me deu um cacto, ao invés de flores. Também acabei aprendendo o valor das plantas para a saúde também. Se alguém chegar aqui hoje e mexer no meu pote, na cozinha, achará minhas cascas secas no sol, para fazer chás e experiências saudáveis!
*Amor: Se tem algo que me encanta em minha própria história são as histórias de amor. Eu sempre gostei muito desse tipo de história, acompanhei várias por sinal, gosto de ler sobre elas (as reais), como a de Parsh e Jai (do livro que estou lendo "A Lição Final"). Enfim, histórias de amor... as minhas eu considero as melhores. Tem quem diga que eu não sei o que é amor, e tem quem ache que eu nunca deixei de amar. Eu garanto: AMO! Pode ser que não seja amor o que eu senti ao longo dos anos, então eu digo: "se não foi amor, é o mais próximo do que eu imagino ser amor". É bem essa verdade. Não tenho medo de assumir, sou romântica, escrevo bilhetinhos, olho a lua e sorrio sozinha. Calma, se alguém me ver fazendo isso não pense que estou apaixonada. Mas sei que os amores que vivi, vivi mesmo e aprendi muito. E se não era amor, foi o mais próximo e mais forte. E no dia que sentir o que chamam de amor, espero sobreviver! Hoje eu garanto: vim, vi e vivi! Valeu a pena, escrevi minha história e cresci muito. Simplesmente, amei.
*Saudade: esse é um sentimento que desde muito nova aprendi a sentir. No início doía muito, cheguei a pensar diversas vezes que eu não suportaria e morreria. Olha no que deu, estou aqui, bem sadia e forte. A saudade é parte de mim, é impossível separar Talita de saudade. Tem dias que ela insiste em bater mais forte, e eu tento ter calma e sensibilidade para sentir ela dentro de mim. Depois de um momento de reflexão, eu consigo contorná-la e seguir meu dia. Em 22 anos, uma das maiores lições da minha vida é que saudade existe e não é pecado eu sentir ela doendo no meu peito.
*Transformações: raríssimas pessoas podem avaliar as mudanças que aconteceram ao longo desses 22 anos. Até porque as pessoas mudaram, e eu mudei junto. Eu posso até ir me transformando, mas quero muito, e de todo meu coração, nunca mudar a minha essência. Quero continuar sendo aquela criança alegre, que pulava de colo em colo. Quero continuar espontânea, sensível, pulando os desafios e brincando. Quero apenas continuar sorrindo, mesmo que algumas coisas acabem se transformando.
*Deus: esse "formato" de Deus de igreja, eu convivi desde pequena. Demorei uns bons anos até entender quem Ele era, e um dia, vendo a amiga da minha mãe orar eu tive a curiosidade de saber mais sobre esse Deus que ouvia orações que vinham lá da alma. Bom, a curiosidade bateu, fui lendo a Biblia, e que estranho, Ele falou comigo. Essas expressões cristãs até hoje me incomodam um pouco, mas não sei me expressar de outra maneira. Até hoje eu e Ele travamos umas lutas muitas loucas. Tem dias que eu olho pra Ele e digo: me desculpa, mas eu não consigo. Loucura, mas é como se Ele olhasse para mim e apenas sorrisse, como quem diz "você sabe que consegue, só está com preguiça". E Ele sempre tem razão. Hoje, eu não estou nenhum pouco perto do que eu quero ser com filha dEle, e tenho consciência disso. Eu fico muito triste quando percebo que não sou filha que deveria, que eu posso ser melhor e não saio do lugar onde estou. Eu só quero poder chegar no ano que vem e dizer que consegui dar pelo menos um passo na minha fé. Ele já tem me dado motivos suficientes para eu confiar nEle e colocar os dois pés na água, sem duvidar.
Futuro: o futuro sempre foi algo que me incomodou. Não é de hoje, mas foram anos e mais anos da minha vida preocupada com ele... Bobeira minha, porque o futuro nunca chega! Quantas vezes fiquei frustrada porque anulei minhas vontades, preocupada com o futuro, com o que estava para chegar. Não valeu de nada. Aos 22 o futuro ainda gera certo incômodo em mim, ainda mais quando as pessoas insistem em querer se meter e dizer qual o melhor caminho para a minha vida! Sou chata mesmo, ainda mais com a minha vida. Entendi que para pensar no futuro preciso ser um pouco egoísta, pensar um pouco nas minhas intenções, me preocupar menos, me desgastar menos, pensar menos nos outros, e poupar mais. Na realidade eu só entendi, ainda não sei como colocar em prática. Por enquanto estou feliz em saber que o futuro tem gerado menos ansiedade em mim do que geraria em outras épocas. Será isso o que chamam de maturidade?
*Sonhos: os sonhos dormindo, esses eu raramente tenho! Sonhar acordada sim, é quase um vício. Desde pequena, quando brincava sozinha com minhas bonecas, meus diálogos aconteciam todos na mente, em silêncio real, em barulho mental. É a minha maneira de sonhar, acordada, olhando e captando novos adereços para minhas ilustrações mentais. Disse que estou aprendendo a sonhar, e estou mesmo. Passei boa parte da minha vida sonhando os sonhos dos outros, anulando meus sonhos pelos outros, me esforçando para que outros realizassem seus sonhos. Não estou dizendo que me arrependo de ter feito isso, para ser muito sincera, faria tudo novamente se tivesse oportunidade. Mas finalmente estou aprendendo a sonhar os meus próprios sonhos. Quais são meus sonhos? Nos últimos dias só sonho com minhas férias! Também não vejo a hora de começar e terminar a faculdade, porque meu sonho de ser quiroprata vem logo em seguida. Tenho sonhado em viajar, não sei se por prazer ou por chamado, sei que quero ir, para China, para Índia, talvez para o Tibet, Espanha ou Cuba. Também sonho com a minha família, há alguns anos vizualizo meu filhinho (muito parecido com meu afilhado), correndo com suas perninhas grossinhas, seus cachinhos pretos, rindo alto e se divertindo. Sonho de ser mãe, mãe desse menino lindo! Sonho com minha casa cheia de gente, sonho com meu primeiro quarto, morando sozinha, sonho com novos murais de fotos, sonho em ter um pouco de dinheiro para comprar algumas futilidades que eu gosto, sonho em ter novos amigos, novos amores, novas histórias. Sonho em continuar sendo assim para sempre...ou sonho que ainda vivo meus eternos 15 anos. Sonhos não me faltam, cada dia surge um novo. E não me entristece saber que existe a possibilidade de não realizá-los, fico suficientemente feliz porque já vivi todos eles aqui na minha mente! E fico mais feliz ainda porque, se um dia eles vierem a se concretizar, irão muito além daquilo que pedi ou pensei.
*Pessoas: Sigo o conselho dos meus pais para deixar boas marcas. O mundo é muito pequeno e a gente sempre se encontra por ai. Pensava que isso era clichê, alguns anos de vida provaram o contrário e hoje sei que é real. Na minha busca por aprimoramente, espero seguir esse conselho da melhor maneira possível. Quero deixar boas marcas por onde eu passar.
*
Cheguei aos 22...alguns dias me arrastando, outros feliz e contente.
Comemorei o meu dia, da melhor maneira possível.
Queria não estar me sentindo mal, mas consegui parar e analisar.
E melhor, sabendo quais erros não quero cometer e no que eu quero melhorar.
Enfim, estou feliz por saber que até aqui valeu a pena!