Os dias por aqui tem sido bem tensos, entre um empurrão e outro no ônibus, venho compartilhar as palavras que tenho lido no caminho para a faculdade. Faculdade que está daquele que jeito, consumindo a minha juventude. Minha tentativa de resumir essa parte do livro, seria em vão. Sintam-se tocados como eu me senti.
O Impostor que Vive em Mim
4. Filho de Deus
Deus convoca seus filhos a um estilo de vida que vai contra a cultura: conceder perdão num mundo que exige olho por olho - ou mesmo pior. Mas, se amar a Deus é o primeiro mandamento e amar o próximo prova nosso amor por Deus, e se é fácil amar aqueles que nos amam, então amar nossos inimigos deve ser como um crachá que nos identifica como filhos de Deus.
A convocação para que vivamos como filhos perdoados e compassivos é radicalmente inclusiva. Ela é dirigida não apenas à esposa cujo marido esqueceu o aniversário de casamento, mas também aos pais da criança que foi assassinada por um motorista bêbado; às vítimas de acusações levianas; ao pobre que vive na sarjeta e vê o rico passar em um Mercedes; aos que sofreram violência sexual; ao cônjuge envergonhado pela traição do companheiro; aos cristãos escandalizados com imagens blasfemas de uma divindadade pagã; à mãe em El Salvador, que recebeu o corpo da filha brutalmente massacrada; aos casais idosos que perderam todas as economias nas mãos de banqueiros desonestos; à mulher cujo marido alcoólatra desperdiçou a herança e aos que são objetos de zombaria, discriminação e preconceito.
As exigências do perdão intimidam tanto que parecem humanamente impossíveis. Elas estão além da capacidade da vontade humana, carente da graça. Apenas a confiança total numa Fonte maior pode nos dar poder para perdoar os males que outros nos causaram. Em momentos extremos como esses, há apenas um lugar onde ir: o Calvário.
Fique ali por um longo tempo e observe o Filho unigênito de Deus morrer em completa solidão e desonra sangrenta. Veja como ele sopra perdão sobre seus torturadores no momento de maior crueldade e impiedade. Naquele monte solitário, fora dos muros da antiga Jerusalém, você receberá o poder de cura do Senhor que agoniza.
A experiência mostra que a cura interior raramente é resultado de catarse repentina ou da libertação instantânea da amargura, da raiva, do ressentimento e do ódio. É, com maior frequência, um crescimento gradual na unidade com o Crucificado, que conquistou nossa paz por meio de seu sangue na cruz.
Isso pode levar bastante tempo, pois as lembranças ainda estão vívidas demais e a dor, muito profunda. Mas vai acontecer. O Cristo crucificado não se limita a ser um exemplo heróico para a Igreja: ele é o poder e a sabedoria de Deus, força viva e ressurreta, transformando nossa vida e nos capacitando a estender a mão reconciliadora aos nossos inimigos.
A compreensão ativa a compaixão que torna o perdão possível. O autor Stephen Covey recordou um incidente enquanto estava andando no metrô de Nova York, num domingo de manhã. Os poucos passageiros a bordo estavam lendo jornal ou cochilando. Era uma viagem silenciosa, quase sonolenta no interior da cidade.
Covey estava totalmente envolvido em sua leitura quando um homem, acompanhado de vários filhos pequenos, entrou no trem. Em menos de um minuto, o tumulto se estabeleceu. As crianças corriam para cima e para baixo no corredor do vagão, gritando, berrando e brigando umas com as outras no chão. O pai não fez nenhum esforço para intervir.
Os passageiros mais idosos, irritados, mudaram de lugar. O estresse se transformou em angústia. Covey esperou pacientemente. Com certeza, o pai faria alguma coisa para restabelecer a ordem: uma bronca suave, uma ordem severa, alguma expressão de autoridade paterna, qualquer coisa. Nada disso aconteceu. A frustração aumentava. Depois de esperar aé além do que devia, Covey derigiu-se ao pai e disse, de maneira educada:
- Senhor, talvez seja possível restabelecer a ordem aqui se o senhor disser a seus filhos para que voltem e sentem.
- Eu sei que deveria fazer alguma coisa - respondeu o homem. - Acabamos de sair do hospital. A mãe deles morreu há uma hora. Simplesmente não sei o que fazer.
A compaixão sincera, que gera o perdão, amadurece quando descobrimos onde o inimigo chora.