quinta-feira, 10 de julho de 2008

*Cinismo*

"O Cinismo foi uma corrente filosófica fundada por um discípulo de Sócrates, que pregava essencialmente o desapego aos bens materiais e externos.

O termo passou à posteridade como adjetivação pejorativa de pessoas sem pudor, indiferentes ao sofrimento alheio."

Sentimento esse que me consome, me corrói, que eu finjo que não tenho mas existe dentro de mim.
Capaz de simular com máscaras sorridentes, pretensiosas, controladoras, justiceiras, que se preocupa com o outro, que ama o próximo, que oferece carinho sem nada em troca, que alimenta de graça.

Futilidades são tão mais importantes, problemas são tão maiores, tempo é tão maior, necessidades são tão mais urgentes quando são as minhas dificuldades, as minhas limitações, o meu frio, a minha fome, a minha dor.

E até parece que minhas inúteis horas de "caridade" significam alguma coisa diante daquilo que o Senhor me chamou para fazer. Como se reuniões no Mc fossem sacríficio, e abraçar um sofridinho cheiroso fosse renúncia! E fazer a "obra" com amigos que me divertem fosse me diminuir. Como se acordar cedo ou dobrar roupas mudassem o mundo e a necessidade que existe nele, como se reduzisse a minha responsabilidade diante de Deus.

É ridícula essa mascarazinha de crente, de atuante, simuladora de alguém que é alguma coisa no Reino, e na verdade não é nada, ou é apenas um verme imundo, tão imundo quanto aquele mendigo que entra na igreja e as pessoas olham para ele sem ter a menor idéia do que fazer e com medo de sujar suas roupas ou ter que dar 50 centavos por desencargo de consciência. É ridículo sentir repulsa e ânsia de alguém que é tão podre quanto eu! É ridículo dar uma oferta que não faz nenhuma diferença na minha carteira, e sentir que o dever foi cumprido. Ridículo chorar pelos que sofrem só nos cultos que me desafiam a isso (isso quando os cultos chegam a me comover!), e depois nunca mais me interessar pelos que sofrem. É ridícula a máscara de crente que já faz parte do corpo crente que fala da graça mas que pode ser acusado por qualquer demônio que cruzar o caminho!

Ultrapassa o ridículo, torna-se cínico!!!
E isso dói profundamente no meu coração.


Pai, se eu ainda sou digna de chamar de Pai, tamanha a falta de intimidade contigo que quer estar perto de mim e eu preciso me esconder atrás da máscara,
Não olha o meu corpo imundo, minha mente destruída por pecados que eu insisto em cometer,
Esquece a parte referente ao meu cinismo e me ajuda a esquecer a ser assim também,
Me atormente até que eu confesse meus pecados, me arrependa e me quebrante realmente diante de Ti,
Não desista de mim enquanto eu não consigo me alimentar da comida sólida,
Não me deixa seguir o caminho errado,
Me ensina mais sobre a caminhada cristã e martela na minha cabeça que o que eu penso que sei ainda não é nada perto do que eu já deveria saber,
Me capacita a amar de verdade ao próximo, mas não só ao próximo cheiroso, limpinho e arrumadinho...mas aquele próximo que é tão podre e imundo quanto o meu coração e que a única diferença é que meu coração não é visível aos outros fariseus iguais a mim, como os trapos do meu próximo,
Ai Senhor, me coloca no meu lugar de maltrapilha todos os dias,
Me dá a capacidade de fazer aquilo que o Senhor realmente quer que eu faça, e não o que eu quero dizer que é a tua vontade,
E eu sei que nem orar eu sei, nem pedir eu sei, nem palavras certas eu tenho para escrever o que eu realmente desejo, mas que o meu coração, lá naquele pedaço que ainda não foi contaminado, seja observado com amor por Ti e se sobreponha a toda essa sujeirada, e os tecidos contaminados sejam limpos e regenerados, e aqueles gemidos que palavras não expressam, o Senhor traduza e entenda com um carinho que só vem de Ti!!!
Obrigada Deus, e me perdoa por gerar tristezas no seu coração.
Continuo desejando com todas minhas forças o dia em que estarei ai do Seu lado, não querendo sair de perto nunca mais, e que nenhuma máscara vai me impedir! Continuo ansiosa pela hora de ficar pertinho contigo para sempre!
Te amo, e te amo com um amor que nunca saberei explicar, mesmo errante, amor!

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