terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Enfim...sós!

Perdi a noção do tempo, do espaço, das cores, sabores, da vida.
Não sei há quanto tempo estou em silêncio, nem o que o barulho quer dizer.
Enfim, estou viva. Quantas coisas para pensar, de uma forma tão rápida, mesmo parecendo que tenho tempo para fazer minhas escolhas.

Quero voltar ao silêncio.
Ao escuro.
A calmaria.
Ao sono profundo.

A verdade é que não há mais tempo.
Melhor voltar e pisar em solo firme, olhar para frente, erguer o queixo e encarar quem quiser ser encarado.


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Os últimos dias em Brasília foram estranhos. Não tive tempo para absorver ainda, também não tive sensibilidade para chorar por eles. Ou chorei tudo que era possível na festa de despedida, porque até despedidas são em forma de festa lá.
Isso é relativamente estranho, porque chorei muito quando chegava nas cidades novas, pensando nas velhas, ou melhor, nas pessoas que ficaram nas cidades.
Não chorar talvez seja uma sensação de que ainda não estou aqui, ou de certeza que em breve estarei com os de lá. Talvez a maturidade de saber que estão logo ali, e depois de anos, a modernidade me ajuda a sobreviver a saudade que sempre me consome. Avião, internet, câmera digital, webcam, e por aí vai.

Do mesmo jeito que quando estava lá sentia saudade de outros, aqui só serviu para aumentar a quantidade de pessoas da minha cota de saudades. Vou trocar meu nome, de Talita (ou Tazita, para quem prefere assim), para Saudade. Será que acostumei com ela, já? Provavelmente não, ela sempre dói, como posso ter acostumado? Só finjo sufocá-la de vez enquando, antes que ela me sufoque.

Chegou o tempo de fazer novos planos, ter novos sonhos, ou recuperar sonhos antigos que estavam anulados por qualquer motivo.
Sinceramente, não sei por onde começar.
- Faculdade é o objetivo principal, mesmo quando eu quero sair furando as pessoas enlouquecidamente e viver para isso. Até pensei em trancar a faculdade daqui alguns semestres para viajar pelos países místicos, mas fundamentais e especiais para o meu coração. Agora sonho com eles, com os passos que darei, mesmo dormindo, em terras hoje tão distantes de mim.
- Igreja é sempre algo estranho, ainda mais quando se tem intimidade com essa "vida de crente". Qualquer lugar que chegar já dá pra imaginar quais os tipos de problemas, as imperfeições e os conflitos, só pelo tom da pregação. Queria deixar de lado esse espírito, mas acho que não consigo. Sei que preciso encontrar uma para
ir, não sei em quanto tempo vou conseguir isso, mas confesso, estou sem a menor pressa. Os dias aqui são longos demais para eu querer apressar qualquer coisa.
- Minha necessidade mais gritante é concluir meu quarto. Talvez a única parte não terminada dessa casa. Ainda existem caixas espalhadas pelo chão, tristeza ao ver meus livros como inúteis jogados pela falta de lugar onde guardá-los. Também o pensamento de "porque ter tanto o que guardar", mas são minhas memórias, não posso me desfazer delas, não agora. Afinal, são as lembranças mais próximas de períodos e pessoas que amo, e sempre estão longe. Só quero ter meu quarto arrumado logo, com letras chinesas espalhadas pela parede e a lanterna no alto. Pelo menos já tem um painelzinho de fotos, o que me deixa mais familiarizada. E o porta-retrato com minhas fotos em Brasília, para onde olho e abro um sorri
so, mesmo que leve, lembrando os bons dias (ou maus), mas dias fundamentais que passei lá.

E é isso. Os dias estão passando. Aqui é tudo assim, tão diferente.
Sotaque, pessoas, sons, vizinhos... Quem sabe um dia me acostume com isso. Ou quem sabe nunca me acostumarei a ficar no mesmo lugar.

Chorei quando fui convidada para ser madrinha de um casamento.
Estou contando os dias para minha ida em Araçatuba.
Ri e balancei com a possibilidade do acampamento com "macarrão".

Dos dias de estrada, ficaram as paisagens, que nem sempre a lente riscada da câmera consegue perceber.
Ficaram também as histórias engraçadas ou extremamente decepcionantes da viagem em família.
Também restou uma coxa preta do sol.

Preciso olhar para frente, mesmo não olhando para trás.
Confesso meu medo, medo de repetir algo que já vivi. E consola saber que meu refúgio está mais perto do que da vez anterior. E é bom saber que deu para crescer um pouco de lá para cá.
2009 promete, eu sei que sim. Vou esperar o melhor, mesmo sabendo que precisarei encarar o pior para chegar em algum lugar.
Não prometo ficar mais quieta, nem ficar menos tempo em frente ao computador.
Não prometo ser mais santa, ou que irei estudar mais.
Se eu conseguir ser Talita, já estarei feliz.

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Cedo ou tarde, a gente vai se encontrar.
(eu sei que vai!!)

3 comentários:

Rafaela disse...

E você está certíssima em querer ser Talita, ou Tazita. É o melhor que pode escolher.
É só o começo, amiga... Você vai se adaptar e vai dar tudinho certo, desde a arrumação do quarto até a igreja na qual você vai fazer diferença de novo.

Saudade não é tão ruim assim, quando podemos nos encontrar de novo! :)

Beeeeijo

talita disse...

desculpa...ainda não consigo te dizer nada confortante ....
;/

Pri disse...

Esse é um sentimento que eu não conheço....nunca morei fora de brasília...acho que pra mim seria interessante morar em um lugar onde não conheço ninguem...da mesma forma que seria pra vc morar num lugar definitivo!